Abelha Zizi
voou, voou
tinha a certeza
que encontraria
a flor ideal...
Flor pra cá,
Flor pra lá,
pelo milharal,
pela imensidão
da plantação...
Flor pra cá,
Flor pra lá,
e nada de encontrar
a flor ideal...
Do milharal
ao enorme quintal
de seu André...
Árvores a perder
de vista...
verde infinito...
Flor pra cá,
Flor pra lá,
e nada de encontrar
a flor ideal...
Do quintal
ao curral,
muitas patas,
muitos ruídos,
muito leite...
um branco sem igual...
Flor pra cá,
Flor pra lá,
e nada de encontrar
a flor ideal...
Do curral
à casa grande,
tantas paredes, telhados,
recantos perigosos,
armadilhas suspeitas,
loucura de tanta gente...
Flor pra cá,
Flor pra lá,
e nada de encontrar
a flor ideal...
Da casa grande
ao céu azul,
e Zizi sempre a voar
e nada, nada
de encontrar
a flor ideal...
Treme a garoa,
batendo
líquida e ríspida
no canto oblíquo
da janela...
Treme a menina
Joana
refugiada
toda enrolada
no seu casaquinho
de lã...
Treme o gato
Frufru,
bolinha de neve,
encolhido
na cadeira macia
e sempre dançante
do amado vovô...
fogo,
fogueira,
fogão,
sofá
no canto
da sala...
lá fora,
vento,
ventania,
vestindo
de púrpura
e gelo
a noite fria
do inverno...