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quinta-feira, 3 de junho de 2021

VOZES DA ALEGRIA

 

Em um tempo de dores e incertezas, Lilo e seus irmãozinhos são os condutores da esperança através da música. É por meio do canto que a metamorfose acontece: “Alô! Alô! O sol brilhô”! E o cinza do sofrimento já não é mais lamento... Há bálsamos mornos banhando nossas almas: são as vozes da alegria.

 


Vozes da alegria


            Lilo caminhava e cantarolava baixinho. Os raios dourados da manhã azul, brincavam de esconde-esconde em seus cabelos castanhos.

            Lilo abraçava o dia... e a voz subia, beijando o sol, as nuvens e os pássaros:

             “Alô! Alô! Chegô! Chegô!

            O bichinho malvado passô!

            Alô! Alô! Meu sinhô!

            Chegô! Chegô!

            A cura chegô!

            E o corona vazô!

Alô! Alô!”

            No andar e cantar de Lilo, a máscara, quase sem cor, esticava, esticava e parecia querer acompanhar e marcar o compasso da voz canarinha:

            “Alô! Alô! Chegô! Chegô!”

            Rosto moleque, camisa aberta ao vento, olhos de estrelas, mãos e pensamentos leves e bordados de firmamento. E a canção caía em bálsamos:

            “Alô! Alô! Chegô! Chegô!

            Sô!

            Mexe o corpo, sinhô!

            Crê e confia, sinhô!

            Tem fé, sinhô!

            A pandemia passô!

            Alô! Alô! Chegô! Chegô!”

            Vizinhança toda ria e balançava a cabeça, acompanhando em exclamações o ritmo singelo, à passagem de Lilo pelos becos sem flores:

            “Este menino é um sábio!”

            “Voz de esperança!”

            “Este Lilo é acalento pra alma.”

             Daninha e Tonico, pequenos irmãos, às vezes sim, às vezes não, juntavam-se a Lilo em suas andanças melódicas pelas ruas e calçadas do bairro.

            Sardas no nariz, Daninha, dedos gorduchos, batia palmas...

            Tonico, pés voadores, magia no olhar, assoviava a cantoria cálida que o irmão Lili entoava...

            ‘Eta, que coral animado! – gritavam, entusiasmados, vovós e vovôs em quintais apertados.

            E os vira-latas, suados e despertos, dançavam valsas ao redor das crianças. Latidos, vozes purpurinas e luz...

             “Alô! Alô! Chegô! Chegô!

            O sol brilhô!

            Acorda, Seu Antão!

            Vem pra rua cantá!

            Chegô! Chegô!

            Não desanima, não!

            A tristeza passô!

            Alô! Alô! Chegô! Chegô!”

            E a esperança corria solta e líquida pelas casas, encharcando muros, móveis e pedras...

Lá longe, Lilo, Daninha e Tonico bordavam pétalas em cantos de alento...

Três crianças; três louvores; três amores...

            “Alô! Alô! Chegô! Chegô!

            Um dia novo raiô!”

 

 

           

 

 

 

 

 

 

           

CALMANTE - poema selecionado

 Calmante


Cresceram
madressilvas
e o quintal
encharcou-se
de girassóis...
- asas em flor
A dor,
o desespero,
as queixas,
os lamentos,
os tormentos
e os
ais...
Perderam-se
no vazio
azulado
dos dias
em nuvens...
- brumas de algodão
E a brisa
cor-de-rosa
e calmante
trouxe
o remanso,
o descanso,
o alento,
a esperança...
- nuanças de luz

                                                        03 de junho de 2021 

* Nesta poesia, a imagem que ilustra o poema é da Internet.

Poema selecionado para a Revista D-Arte, novembro/2022. 

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