Em
um tempo de dores e incertezas, Lilo e seus irmãozinhos são os condutores da
esperança através da música. É por meio do canto que a metamorfose acontece:
“Alô! Alô! O sol brilhô”! E o cinza do sofrimento já não é mais lamento... Há
bálsamos mornos banhando nossas almas: são as vozes da alegria.
Vozes
da alegria
Lilo caminhava e cantarolava
baixinho. Os raios dourados da manhã azul, brincavam de esconde-esconde em seus
cabelos castanhos.
Lilo abraçava o dia... e a voz
subia, beijando o sol, as nuvens e os pássaros:
“Alô! Alô! Chegô! Chegô!
O bichinho malvado passô!
Alô! Alô! Meu sinhô!
Chegô! Chegô!
A cura chegô!
E o corona vazô!
Alô!
Alô!”
No andar e cantar de Lilo, a
máscara, quase sem cor, esticava, esticava e parecia querer acompanhar e marcar
o compasso da voz canarinha:
“Alô! Alô! Chegô! Chegô!”
Rosto moleque, camisa aberta ao
vento, olhos de estrelas, mãos e pensamentos leves e bordados de firmamento. E
a canção caía em bálsamos:
“Alô! Alô! Chegô! Chegô!
Sô!
Mexe o corpo, sinhô!
Crê e confia, sinhô!
Tem fé, sinhô!
A pandemia passô!
Alô! Alô! Chegô! Chegô!”
Vizinhança toda ria e balançava a
cabeça, acompanhando em exclamações o ritmo singelo, à passagem de Lilo pelos
becos sem flores:
“Este menino é um sábio!”
“Voz de esperança!”
“Este Lilo é acalento pra alma.”
Daninha e Tonico, pequenos irmãos, às vezes
sim, às vezes não, juntavam-se a Lilo em suas andanças melódicas pelas ruas e
calçadas do bairro.
Sardas no nariz, Daninha, dedos
gorduchos, batia palmas...
Tonico, pés voadores, magia no
olhar, assoviava a cantoria cálida que o irmão Lili entoava...
‘Eta, que coral animado! – gritavam,
entusiasmados, vovós e vovôs em quintais apertados.
E os vira-latas, suados e despertos,
dançavam valsas ao redor das crianças. Latidos, vozes purpurinas e luz...
“Alô! Alô! Chegô! Chegô!
O sol brilhô!
Acorda, Seu Antão!
Vem pra rua cantá!
Chegô! Chegô!
Não desanima, não!
A tristeza passô!
Alô! Alô! Chegô! Chegô!”
E a esperança corria solta e líquida
pelas casas, encharcando muros, móveis e pedras...
Lá longe, Lilo, Daninha e Tonico bordavam
pétalas em cantos de alento...
Três crianças; três louvores; três
amores...
“Alô! Alô! Chegô! Chegô!
Um dia novo raiô!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário