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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Parto - poema selecionado




 

A lua

                                                                  pariu

em fios

de prata...

E novas

luzes

pipocaram

na abóbada

celeste...


* Poema selecionado para o e-book Poesias ao Luar, da Revista Conexão Literatura. Janeiro/2021.

* Imagem da Internet.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Amanhã - poema premiado com Menção Honrosa





 



Amanhã,   quem sabe,

haverá flores

mais além...

 

Haverá cerejeiras

a pintar de belo

as paisagens azuis...

 

Haverá lírios

puros e suaves

a respingar doçuras

em dias ruins...

 

Haverá miosótis

espirituais e calmantes

a consolar as almas

em dor...

 

 

Amanhã, quem sabe,

haverá magias,

risos, esperanças,

confiança...

a colorir de luz 

e brilho

a infinitude dos dias

que ainda nos restam...


* Poesia premiada com Menção Especial pela Academia Internacional da União Cultural- Taubaté - São Paulo


* Imagem da Internet.

 

 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Dias de silêncio - poema selecionado

 

                                   






 


Os dias são contados,

em números miseráveis,

de um a um...

entre quatro paredes

e um quadro asmático

de girassóis desbotados.

 

As horas, cruas e piedosas,

derramam

dores e clemências

no ladrilho laranja da sala de estar.

 

As folhas, outrora risonhas e verdes,

do calendário anual,

dormem tranquilas...

... no marasmo líquido

do imorredouro tempo.

 

 

Lá fora, só o silêncio

e os beija-flores a bailar...

 

Não há mais folguedos!

A pipa colorida

não rasgou o céu da meia-tarde...

 

Agora,

 apenas o silêncio...

e a fragrância da esperança

no ar....

 

 

 * Poema selecionado para a Revista online LiteraLivre em janeiro de 2021.

* Imagem da Internet.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Colheita

 

 

Floresceram

margaridas

e flores do campo...

 

Amanhã haverá

ramalhetes,

buquês

a enfeitar

quartos

cinzas

e salas

amargas...

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Carta ao Escritor

 




Hoje, minhas palavras são como cristais benfazejos ou mesmo folhas orvalhadas deslizando feito brisa nas brumas do tempo e alcançam tua graça, grandioso Escritor Érico Veríssimo!

            Através desta missiva, agradeço-te por teres pontuado minha história juvenil com personagens imemoráveis de tua obra O Tempo e o Vento.

            Agradeço-te por fortalecer em minha alma o orgulho e o lirismo de nascer no torrão gaúcho!

            Sim, sou do Continente!

            Em mim corre o sangue heróico das batalhas vividas e vibra em meu coração o eco de bravura de Rodrigo Cambará: “Buenas e me espalho, nos pequenos dou de prancha, e nos grandes dou de talho”.

            Sim, sou mulher desta terra!

            Em mim, a docilidade, a fragilidade, porém a força, o fogo, a fé e o ferro que moldaram Ana e Bibiana Terra em noites de vento.

            Sim, sou do Pampa Gaúcho!

            Em mim, a vastidão das auroras e as liberdades azuis dos quero-queros!

            Reverencio-te, imortal Escritor Érico Veríssimo.

            Saudações, Mestre!

 

Rosangela Mariano

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Abelha Zizi e a força do amor

 


 

Abelha Zizi

Triste,

Confusa,

Raivosa,

Infeliz...

 

 

Voou,

Voou,

Buscava encontrar

O sol,

A luz,

A paz,

Paz!

E a flor ideal...

 

Voou, voou...

No milharal,

O susto se deu!!

Espigas amarelas

Em profunda reflexão

Curvavam-se até o chão...

Pareciam orar

Em intensa meditação!

 

E abelha Zizi

Voou,

Voou...

Buscava encontrar

O sol,

A luz,

A paz,

O amor

E a flor ideal...

 

Voou, voou...

                                                                         No jardim,

Com flores cheirosas,

Jasmim, tulipa,

Rosa e margarida!

Coração a saltar...

Tremeu-se toda

A abelha Zizi...

Pétalas dançantes

Em ciranda cirandinha,

Alongavam-se

Em mantras

Abençoando insetos, plantas!

Mãos calmantes

Por sobre a natureza

Verdejante...


Mas, em imensa

Agitação...

Nem milharal,

Nem quintal,

Nem jardim,

Nem pomar...

 

Abelha Zizi

Voou, voou,

Descabelada,

Afobada,

Buscava encontrar

O sol,

A luz,

A paz,

O amor

E a flor ideal...


Voou, voou...

No curral,

Muitas patas,

Muitos ruídos,

Muito leite...

 

Abelha Zizi,

Quase com ódio,

Em volteios

E rodeios...

Sentimentos ruins!

Sem descanso,

Sem alento,

Sem sustento...

Buscava encontrar

O sol,

A luz,

A paz,

O amor

E a flor ideal...

 

Voou, voou...

Do curral

À casa grande,

Tantas paredes,

Telhados,

Tanta gente

E, bem lá na frente...

  

Abelha Zizi

Segurou

As asas

De supetão!

E quase atropelou

O beija-flor

De roldão!

 

Bichos,

Bichanos,

Árvores,

Pássaros,

Seres humanos...


Da casa grande

Ao céu anil...

Um mar de paz...

Um mar de azul...

Um mar de amor...

Abelha Zizi

Voou, voou

E pousou...

Esbaforida,

Atrapalhada,

No ombro estrelado

Da jovem Aninha...

 

Curiosa,

Surpresa,

Ansiosa,

Olhos arregalados,

Abelha Zizi

Já nem pensava

Em encontrar

O sol,

A luz,

A paz,

O amor

E até a flor ideal...

 

Aninha, imersa

Em paz e sol...

Mãos calmantes

Era remédio atuante

Nas dores do  

carneirinho Pompom!

 

Na tranquilidade

Do momento,

Abelha Zizi

Gargalhou

De pura alegria!

Sentiu a força da cura,

Sentiu a força do amor...

Nas mãos do Criador!

 

Porém, eram as

Mãos de Aninha

Que traziam a salvação:

- o bem de aliviar

- o bem de ajudar

       - o bem de harmonizar

- o bem de amar

- o bem de acolher

- o bem de ser canal

Para o outro tratar!

 

Abelha Zizi

 Novamente gargalhou,

Contente,

Sorridente,

As nuvens escuras

Embora se foram...

E a flor ideal,

A paz, a luz, o amor,

A calma,

Brotaram na própria

Alma...

 

Carneirinho Pompom

Refeito,

Sem dores,

Aliviado

Era só louvores!

Feliz a saltitar,

Parecia querer

Beijar

Mão e pés

De Aninha!

 

 

Abelha Zizi, Pompom,

Aninha, flores, insetos,

Aves, árvores

E luz...

Imersos em energias

Curativas das forças

Vibratórias

Do Amado Jesus!


Reflexo- poema selecionado



 


... o tom escaldante

do teu adeus

é apenas o reflexo

amargo, doído...

da face oculta

que o espelho

esconde...


** Poema classificado para revista entreverbo/julho de 2021

 


quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Margaridinhas - Conto

 




 



             Ele largou a enxada no momento em que o toque suave da garota chamou a sua atenção. Olhou-a do alto dos seus 1,90 e esperou pacientemente pela pergunta. “Criança é um ser difícil de lidar” – costumava dizer aos amigos mais íntimos. Ensaiou um gesto de impaciência, porém algo o deteve. Ana o observava de uma forma diferente e trazia nos braços miúdos algumas margaridinhas do campo. Esperou... e nada! Ela apenas o olhava!

            O que queria a filha, afinal? O olhar atento dela começou a incomodá-lo. “O que estaria aprontando esta criaturinha insolente?” – uma voz interior deixou-o de sobreaviso. Quando o silêncio lhe pareceu insuportável, ela sorriu de forma angelical. Isso o irritou mais do que mil gritos ou um dos seus inúmeros porquês.

             Como se guardasse um segredo, a criança lhe alcançou uma braçada de margaridas... As pétalas ainda estavam úmidas devido à chuva que caíra ao amanhecer. O gesto não o surpreendeu. A filha adorava presenteá-lo com objetos inúteis! Aceitou as flores com displicência, jogando-as ao solo rapidamente e retornou ao trabalho interrompido. Ela, no entanto, cutucou-o com sofreguidão. Voltou-se, muito zangado:

            - Filha, afinal, o que quer?

            - Por que o adulto não sabe dar valor às coisas simples? Essas margaridas...

            - Sim, margaridas... que tem? Eu já peguei o seu presente!  Obrigado, filha!

            Ela o olhou, mais uma vez, daquela forma estranha, quase desafiadora, depois disse:

            - Como irão entender as crianças, pai? Os adultos sequer compreendem a beleza das flores... Afastou-se com os olhos negros brilhantes de indignação e pena.

             Para trás, deixou um homem pensativo, imerso em reflexões. No chão, as margaridinhas jaziam... Solenes.

Meu poema em destaque

Poema selecionado "Brumas"

  Poema selecionado Revista Bsrbante abril 2024