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domingo, 27 de dezembro de 2020

Belos tons - poema selecionado

 








Despem-se as árvores,

lentamente,

de suas folhas reluzentes

de verde...

Caem com suavidade

despojada

e vão forrar o solo,

formando um tapete

emoldurado pelos tons

dourados...

As folhas que ainda ficam,

pendentes dos galhos,

balançam...

... movidas pelos

ventos...

outonais...


Rodopios - poema premiado com Menção Honrosa

 






Rodopia

o vento

em movimentos

circulares...

rodopia,

levanta poeira

em ângulos

milenares...

 

Rodopia

o balão

a pintar

o céu cinzento

com pontinhos

de hortelã...

 

Rodopia

o chapéu

azulado

em zigue-zagues

audazes...

carrega

amores roubados

do último verão!

 

 

 

 

Versos perfumados



Rosas vermelhas,
alvissareiras,
rainhas da noite
em dias de luar..


Perfumam,
adornam
e pontuam odores...
... são estrelas cadentes
de amores viventes
à beira do mar!

 

Estrelinhas - conto selecionado


 





            Paulinho sempre acreditara em Papai Noel. Desde pequenino. Isso falando. Nem adiantava desmotivá-lo, fazer crer que Papai Noel era um mito. Paulinho é que não acreditava em palavras bobas! Coisas de adulto. Doidice. Mito? Ia lá saber o que era esse bicho? Pois se não era bicho, era mesmo doidice de gente cheia da bossa.

            E Paulinho jurava ter visto Papai Noel descendo pela chaminé da casa de Ritinha! Foi em noite de estrelas. Frio? Que nada! E quem disse que o nosso Natal vê neve branca? Neve só nos filmes de americano bem posto e feliz. Neve mesmo Paulinho nunca vira, mas teimava ter visto Papai Noel na casa de Ritinha! Mamãe ria um sorriso bondoso. Papai arqueava as sobrancelhas peludas. Mudo, mas preocupado. Maninho caçoava, fazia alarde, pura zombaria. Paulinho batia o pé. Não arredava ideia!

            E Ritinha era a única que acreditava no amigo. Firmeza no apoio. Menina doce, porém enxuta nos porquês. Amiga do peito! Desde sempre confirmara as palavras de Paulinho. Garota sem lisura, olhos postos na estrada, mesmo com idade verde.

            Natal vindo com seus passos manhosos, pregando entusiasmo na alma da garotada. Paulinho olhando Papai Noel pela chaminé da casa de Ritinha... Os pais da menina faziam cara de “nada sei” e diziam ser o Paulinho um moleque cheio de encantos e estrelinhas escondidas. Ritinha muita graça achava dos comentários deles e ficava a perguntar de que estrelinhas os pais falavam...

            Veja bem: Ritinha também era dada a encantamentos. Explosões de sorrisos e tranças voando ao vento em dias de sol. Pontuava a casa e o jardim com novas descobertas; luzinha acesa no dia a dia.  Tanta pena sentia dos adultos! ... “Fracos de sonhos” – dizia ela a Paulinho. Ao que este completava “Ideias cinzentas” – sinceridade a escorrer pelos dedos melados de doçura. Frases dos nove anos, cheirando à madureza precoce.

         Por isso, Ritinha sabia da verdade de Paulinho. Sangue sincero, ele. Ritinha acreditava em Papai Noel. Barbas brancas e gênio bom, o tal velhinho. De pés descalços ou não, criança é uma só, de qualquer jeito. Segredo. Papai Noel é que conhecia! Apenas o olhar de criança podia ver Papai Noel. Nem óculos adiantavam. Mistério para gente grande... Ritinha precisava pedir à papai para alargar a chaminé... e logo!

            Paulinho encontrara a touca de Papai Noel jogada no quintal... Com passos secretos

vinha o Natal...

 

 

 

 

A magia do Natal - poema premiado em 3 Concursos Literários

 




 

Paulinho não vai pular fogueira.

Não vai brincar de amarelinha,

não vai soltar pipas arco-íris...

Paulinho não vai saltar muros,

não vai subir em árvores de romã.

Não vai mover aeroplanos

ou barquinhos de papel...

 

Paulinho não vai correr

em aquarelas

atrás da cachorrinha Ametista

ou balançar folguedos

pelas ruas de dezembro...

 

Paulinho está à espreita!

da magia de Natal...

Olhos de lua,

estrelinhas no céu

da boca,

mãozinhas em valsa,

pezinhos em asas,

coração em pirilampos...

- Papai Noel vem vindo!

A magia do Natal

perfuma o ar...

 

 

Retrato - poema premiado em 2 Concursos Literários




 

 









Onde estão as pipas?

O riso da meninice

a bordar alegrias

nos parques alaranjados

dos domingos de sol...

- Onde estão?

 

Em que segundo,

na infinitude do tempo,

o Planeta Terra

envergou o manto

da dor?

E as estrelas

choraram lágrimas?

 

Onde estão

os beija-flores?

Onde estacionou

a esperança

cor-de-rosa

do arco-íris?

 

E o pipoqueiro

que pintava

aquarelas

nas avenidas azuis...

- Onde está?

- Onde?


  * Poema selecionado para a Revista Prosa & Verso e para a Revista Ecos da Palavra.

Sobre ser pedra - poema premiado

 











Deixei de ser mineral,

pedra e ágata,

transcendi minha alma.

E, de pedra bruta,

lapidei arestas,

defeitos, vícios e violência.

Na jornada do espírito,

elevei-me em vibrações

e luz...

Da pedra ao arcanjo.

Do cascalho ao anjo.

Do pedregulho ao sol.

Do mármore frio ao coração-amor.

 

 

Meu poema em destaque

Poema selecionado "Brumas"

  Poema selecionado Revista Bsrbante abril 2024