Inocência - poema premiado

 





A menina brinca com uma boneca de pano

velha, suja, rasgada...

Os olhinhos da pobre menina brilham, 

suas mãozinhas magras procuram trançar o cabelo da bruxinha...

Ela espera. 

Os ternos lábios entreabertos, os dentinhos ainda alvos...

Talvez... esteja esperando por uma fada!

Inocência.

O mundo é cruel, não poupa ninguém...

"O que será da menininha que hoje brinca, embalada por doces sonhos?"

A vida levará a menina por outros rumos...  a pobreza é pungente... 

Enquanto isso, ela brinca.

Mesmo não sabendo que o mundo, as pessoas, muitas vezes,

transformam o lírio em lama!

Por certo, ela ainda não sabe disso... não agora!

Vamos imaginá-la sempre ali: sentadinha, os meigos olhos,

os ternos lábios, as mãos magras, a candura do ato

de trançar os cabelos da bruxinha...

Sim, vamos deixá-la ali, sentadinha,

na sua singela...  Inocência.

 

“Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: faz de conta que eu estou sonhando.”                   (Carolina Maria de Jesus)


** poema selecionado pela Revista Inversos, em homenagem à Escritora Carolina Maria de Jesus, Feira de Santana, Bahia

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