O
tempo e o rio
Corria o ano de 1824. Por aqui,
Colônia de São Leopoldo, os dias transcorriam inexoráveis na sucessão do tempo.
Esse tempo que constrói; o tempo que
destrói; o tempo que reconstrói; o tempo que fere e cura; o tempo que enlaça o vento;
o tempo que leva e traz...
Esse tempo que embala as fantasias
de homens, mulheres, crianças; o tempo que cria alianças, andanças,
esperanças... O tempo que tece linhas e expectativas; o tempo que realiza a
metamorfose das lágrimas em berço-amparo.
Esse tempo que transforma aragens e
paragens; o tempo que supera e batiza a brisa cálida das águas sinuosas do
lendário e histórico Rio dos Sinos... O tempo que flui e encarna a nostalgia do
longínquo passado.
É o próprio Rio dos Sinos que
acolhe, acalenta e vê desabrochar a alma guerreira e heroica dos primeiros
imigrantes alemães em solo rio-grandense. Às margens do rio, a vida frutificou:
raízes, troncos, folhas, e frutos... Do diligente e popular bem-te-vi ao
delicado perfume dos maricás em flor...
O Rio dos Sinos em movimentos
infindos de ir e vir... é sol que nasce e morre... é encanto e desdita... é
alimento e suor... é chegada e partida... é artéria e sangue...
E o tempo, com olhos azuis, abençoa
e santifica as águas, os minerais, os vegetais, os animais, o Homem e os
sonhos!
O tempo e o rio...
O rio e o tempo...
Rio dos Sinos... alento,
acolhimento,
acalento,
sustento,
suprimento,
desenvolvimento,
provimento,
firmamento,
encantamento,
VIDA.
*** Texto selecionado entre os 10 no Concurso Literário Encantos do Rio dos Sinos - Consórcio Pró-Sinos/ julho/2022
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