Paulinho sempre acreditara em Papai
Noel. Desde pequenino. Isso falando. Nem adiantava desmotivá-lo, fazer crer que
Papai Noel era um mito. Paulinho é que não acreditava em palavras bobas! Coisas
de adulto. Doidice. Mito? Ia lá saber o que era esse bicho? Pois se não era
bicho, era mesmo doidice de gente cheia da bossa.
E Paulinho jurava ter visto Papai
Noel descendo pela chaminé da casa de Ritinha! Foi em noite de estrelas. Frio?
Que nada! E quem disse que o nosso Natal vê neve branca? Neve só nos filmes de
americano bem posto e feliz. Neve mesmo Paulinho nunca vira, mas teimava ter
visto Papai Noel na casa de Ritinha! Mamãe ria um sorriso bondoso. Papai
arqueava as sobrancelhas peludas. Mudo, mas preocupado. Maninho caçoava, fazia
alarde, pura zombaria. Paulinho batia o pé. Não arredava ideia!
E Ritinha era a única que acreditava
no amigo. Firmeza no apoio. Menina doce, porém enxuta nos porquês. Amiga do
peito! Desde sempre confirmara as palavras de Paulinho. Garota sem lisura,
olhos postos na estrada, mesmo com idade verde.
Natal vindo com seus passos
manhosos, pregando entusiasmo na alma da garotada. Paulinho olhando Papai Noel
pela chaminé da casa de Ritinha... Os pais da menina faziam cara de “nada sei”
e diziam ser o Paulinho um moleque cheio de encantos e estrelinhas escondidas.
Ritinha muita graça achava dos comentários deles e ficava a perguntar de que
estrelinhas os pais falavam...
Veja bem: Ritinha também era dada a
encantamentos. Explosões de sorrisos e tranças voando ao vento em dias de sol.
Pontuava a casa e o jardim com novas descobertas; luzinha acesa no dia a dia. Tanta pena sentia dos adultos! ... “Fracos de
sonhos” – dizia ela a Paulinho. Ao que este completava “Ideias cinzentas” –
sinceridade a escorrer pelos dedos melados de doçura. Frases dos nove anos,
cheirando à madureza precoce.
Por isso, Ritinha sabia da verdade de
Paulinho. Sangue sincero, ele. Ritinha acreditava em Papai Noel. Barbas brancas
e gênio bom, o tal velhinho. De pés descalços ou não, criança é uma só, de
qualquer jeito. Segredo. Papai Noel é que conhecia! Apenas o olhar de criança
podia ver Papai Noel. Nem óculos adiantavam. Mistério para gente grande... Ritinha
precisava pedir à papai para alargar a chaminé... e logo!
Paulinho encontrara a touca de Papai
Noel jogada no quintal... Com passos secretos
vinha o Natal...
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